segunda-feira, 22 de junho de 2009

Hospital de Valongo só atrai 30% da população

Reordenamento da rede hospitalar ditará mudanças. Joaquim Urbano também vai mexer
Ontem
INÊS SCHRECK
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Valongo&Option=Interior&content_id=1268461

Cerca de 70% da população dos concelhos de Valongo e de Gondomar não recorre ao Hospital de Valongo. A unidade tem uma produção muito baixa e vai sofrer mudanças. O mesmo se prevê para o Hospital Joaquim Urbano.
"O actual Hospital de Valongo desenvolveu uma actividade assistencial muito baixa, representando apenas cerca de 1% [com excepção da Urgência] da actividade registada na NUT III - Grande Porto". A constatação, apontada no segundo estudo do plano de Reordenamento da Rede Hospitalar da Área Metropolitana do Porto, deixa adivinhar alterações.
E das duas, uma: "Ou faz-se um novo hospital ou integra-se o actual, em termos de cuidados, com um hospital como o S. João ou o Centro Hospitalar do Porto, dividindo a população de Gondomar e de Valongo. E os médicos de família passam a referenciar os doentes para lá", explica o vice-presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.
Fernando Araújo diz que o hospital está a funcionar bem, recebeu obras recentemente, mas "é pequeno, tem baixa produção, poucos médicos, poucos consultórios e poucas camas". E não desvenda, para já, a solução encontrada. Esta há-de vir, em jeito de recomendação, no quarto e último estudo do reordenamento da rede hospitalar, promovido pela ARS/Norte. O plano visa definir estratégias de redução/expansão e/ou redistribuição da oferta hospitalar para melhor responder às necessidades dos utentes, tendo em conta os novos hospitais, em construção ou previstos para a região Norte.
Por ora, está aberta a discussão pública do estudo dois, que caracteriza a oferta hospitalar actual e futura, e do estudo três que faz uma análise actual e prospectiva dos recursos humanos médicos hospitalares. Ambos podem ser consultados nos sites www.arsnorte.min-saude.pt ou www.portaldasaude.pt. O primeiro estudo, já noticiado pelo JN, debruçou-se sobre as necessidades actuais e futuras de cuidados hospitalares. Recebeu apenas 10 comentários, mas "de qualidade" e quadrantes muito diferentes, revelou Fernando Araújo.
Além do Hospital de Valongo, também o "Joaquim Urbano", especializado em pneumologia e doenças infecciosas, apresenta uma fraca prestação. Conforme pode ler-se no estudo, o Hospital Joaquim Urbano, no Porto, responde a apenas 5% das necessidades daquela actividade especializada e a 0,4% da actividade global de internamento.
Números que levam Fernando Araújo a constatar: "Não está a prestar o serviço que deveria". O encerramento é uma possibilidade? O vice-presidente da ARS/ Norte admite que sim, mas não avança mais. Salienta, no entanto, que os números não valem só por si. "O Joaquim Urbano tem doentes muito específicos [toxicodependentes, tuberculosos, VIH] e tem desempenhado um bom trabalho na aderência destes doentes à terapêutica, tratamentos integrados e substituição de drogas", afirma, concluindo de seguida: "Qualquer solução que se encontre tem de responder a doentes com estas especificidades e aproveitar o que de bom tem sido feito".
O estudo três versa sobre os recursos humanos actuais e futuros e concluiu que não haverá constrangimentos no futuro. Em 2014, estima-se que haja, na região, 3,3 médicos por cada um que se aposente e em 2020 este rácio de substituição será de 2,7. "Não significa que vai haver desemprego, mas mostra que teremos capacidade para responder às necessidades", analisa Fernando Araújo, considerando que o estudo permite planear melhor as vagas por especialidade médica.

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