sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Linha de Leixões volta a ter passageiros no fim do Verão

http://jn.sapo.pt/2004/12/31/grande_porto/linha_leixoes_volta_a_passageiros_fi.html


Transportes Secretário de Estado considera que o investimento necessário (1,3 milhões) "não é muito elevado" e que o serviço vai conquistar utentes para a CP, para a STCP e para o metro

FranciscoF. Neves / Lusa

Estudos da CP indicam que a linha de Leixões terá uma procura de 21 mil a 31 mil pessoas por dia



Hugo Silva

Alinha ferroviária entre Leixões (Matosinhos) e Ermesinde (Valongo) vai voltar a receber comboios de passageiros. O secretário de Estado dos Transportes, Jorge Borrego, acredita que as composições poderão começar a circular até ao final do Verão do próximo ano. Ontem, o governante assinou o despacho que criou uma comissão técnica - liderada pela Autoridade Metropolitana de Transportes - destinada a consolidar o projecto já desenvolvido pela CP, determinando a sua viabilidade económica, num prazo de três meses.

Os indicadores são favoráveis. Os estudos elaborados pela CP estimam que a linha tenha uma procura entre as 21 mil e as 31 mil pessoas por dia, nos primeiros cinco anos de funcionamento. A linha de Leixões (actualmente usada apenas para o transporte de mercadorias) passará a servir grandes aglomerados populacionais como Águas Santas, na Maia, Ermesinde, em Valongo, o pólo universitário da Asprela e as instituições de saúde vizinhas, no Porto. Por outro lado, na estação de Ermesinde, será possível estabelecer ligação com as linhas do Douro e do Minho.

Jorge Borrego, que falava à margem de uma cerimónia na STCP, revelou que será necessário um investimento de 1,3 milhões de euros para adaptar a ferrovia, nomeadamente com a construção de estações, apeadeiros e interfaces.

"Não é um valor muito elevado. E a linha irá ser, certamente, um instrumento redistribuidor do tráfego de passageiros", considerou o secretário de Estado, assinalando que o serviço atrairá passageiros, também, para os "sistemas de transportes mais urbanos" , da STCP e da Empresa do Metro.

Jorge Borrego admitiu que no final do Verão nem tudo possa estar pronto (nomeadamente os interfaces e parques de estacionamento previstos), mas sustentou que existirão as "condições mínimas" para se arrancar com o serviço. Que já deixou de funcionar em finais da década de 60 do século passado, quando a linha passou a ser exclusivamente de mercadorias. A própria Câmara de Matosinhos já tinha enviado ao Governo, há dois anos, um projecto para a reactivação da linha de Leixões a serviço de passageiros. Uma proposta que previa, até, a construção de uma extensão da linha ferroviária até ao aeroporto de Francisco Sá Carneiro, na Maia.

Portagens só mais tarde

O secretário de Estado dos Transportes, Jorge Borrego, considerou que a colocação de portagens nas cidades só pode ser equacionada quando estiverem resolvidos outros problemas relacionados com o tráfego, como o estacionamento e o ajustamento da cobertura da rede de transportes públicos.

Só depois dessas matérias estarem solucionadas o governante admite que se possa avançar para a colocação de portagens, salvaguardando, porém, que esse tipo de medida será sempre da responsabilidade das autarquias.

Jorge Borrego rejeitou, no entanto, a ideia de que as portagens sejam colocadas em todas as entradas da cidade, implicando o pagamento para circular em todo o perímetro urbano. "As cidades saberão definir quais as zonas do seu perímetro que devem ter medidas mais restritivas", observou o secretário de Estado dos Transportes.