sábado, 5 de março de 2005

Tornar áreas esquecidas em parques de recreio

http://jn.sapo.pt/2005/03/05/grande_porto/tornar_areas_esquecidas_parques_recr.html

ambiente CCDR-N apresentou estudo ecológico estrutural que deverá ser adaptado aos planos directores municipais da Área Metropolitana do Porto

J. Paulo Coutinho

Serra de Santa Justa tem sido preservada, mas deve ser mais acessível à população



Inês Schreck

As áreas verdes da Área Metropolitana do Porto (AMP) já são poucas, mas se não forem preservadas o mais natural é que não resistam à pressão urbana. Esta é a preocupação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Regional Norte (CCDR-N) que, ontem, apresentou um estudo ecológico estrutural que deverá ser adoptado nos planos directores municipais que estão em revisão nos vários concelhos da AMP.

O trabalho pioneiro, que atravessa com uma visão estratégica os nove munícipios da AMP, alerta para a necessidade de transformar zonas esquecidas em espaços de recreio para a população "cada vez mais sedenta de qualidade de vida". O objectivo é dar uma alternativa ao litoral, mais concretamente às praias.

Os vales do Leça e de Febros, as serras de Santa Justa, Pias e Castiçal e as margens do Douro são os locais que o estudo identifica como potenciais zonas de lazer que devem ser "entregues" aos cidadãos. "O vale do Leça está poluído, mas se permitirem que se olhe para ele, as pessoas voltam a amá-lo e a protegê-lo", afirmou Teresa Andresen, do Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares da Universidade do Porto, e coordenadora do trabalho.

Ao longo do ano passado, os técnicos recolheram as informações no terreno e identificaram as diferentes paisagens da Área Metropolitana norte-agrícola na zona da Póvoa e Vila do Conde; nascente florestal em Gaia, Gondomar e Valongo e Periférica-urbana no Porto. Tipologias diferentes que ficam consagradas no plano estrutural para assegurar a diversidade ecológica paisagística da AMP.

Antes de apresentado aos jornalistas, o estudo foi entregue aos responsáveis municipais que, agora, têm a responsabilidade de transportar as "ideias fortes" para cada um dos planos directores.

De acordo com António Guedes Marques, vice-presidente da CCDR-N, nos últimos anos as autarquias têm mostrado sensibilidade aos aspectos ambientais e "esta é uma oportunidade para se ter uma visão inter-municipal do território".

Futuras zonas de lazer?

Vale do Leça

O rio Leça nasce em Santo Tirso e desagua em Matosinhos. As suas margens apresentam uma forte componente cultural e natural, pelo que devem ser criadas condições para que a população possa fruir o espaço. "Passa despercebido, mas é fundamental", assegura Teresa Andresen.

Vale do Febros

Passa por Vila Nova de Gaia e tem sido cuidado nos últimos anos. Mas ,segundo a coordenadora do estudo ecológico estrutural, "valia a pena investir nestes territórios para descongestionar o litoral" Serra de Santa Justa e margens do Douro

Atravessam os concelhos de Gondomar e Valongo e são consideradas zonas notáveis. "Até ver têm sido poupadas", assegura a coordenadora do trabalho. O mesmo cuidado terá de ser tomado com as margens do Douro que, para Teresa Andresen, "não podem ser deixadas de lado".