http://jn.sapo.pt/2006/11/10/porto/lear_fecha_portas_abril_e_manda_para.html
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Silêncio e tristeza na saída dos trabalhadores no dia em que a direcção anunciou o fecho da Lear |
Inês Schreck
Lear fecha as portas em Abril
e manda 545 para o desemprego
Asurpresa chegou no final do almoço. Ao início da tarde de ontem, os trabalhadores da Lear Corporation, em Valongo, foram convocados para uma reunião geral, onde foram informados de que a fábrica de cablagens para automóveis vai encerrar definitivamente em Abril do próximo ano. A unidade emprega 545 operários que começarão a engrossar as filas do desemprego a partir do próximo mês.
Na hora de saída de mais um dia de trabalho, a tristeza e o silêncio. Virgínia Pedroso, há 15 anos na fábrica, foi a única a enfrentar os jornalistas. "Imaginávamos que podia acontecer, não contávamos era que fosse tão rápido", diz, ainda atordoada com a violência da notícia que recebera. À sua volta, as colegas abandonam as instalações com pressa. "Vamos falar para quê? Escrevam que isto é uma tristeza, não há mais nada para dizer", atiravam de longe.
O anúncio do fecho da Lear colocou o Ministério da Economia
A Lear, por sua vez, afirma que a decisão de fechar a unidade foi tomada há duas semanas e que "o final da produção ocorre após o fim do prazo do contrato estabelecido entre a empresa e o Estado".
Segundo fonte oficial da empresa, cujo único cliente é a marca Jaguar, a unidade de Valongo apresenta resultados negativos desde 2001. "O projecto não é economicamente viável desde essa altura", refere a mesma fonte, adiantando que a produção vai ser transferida para a Polónia, país onde a mão-de-obra custará à Lear "cerca de metade" do que custa
Em Junho
Em Junho foram despedidos 285
Em Maio, a direcção da Lear de Valongo deu conta de que iria dispensar 285 trabalhadores. 182 funcionários rescindiram por mútuo acordo, os restantes 103 foram alvo de um despedimento colectivo. Entretanto, alguns operários foram acordando a saída. Actualmente há 545 efectivos que serão despedidos gradualmente a partir de Dezembro.
Indemnizações
Os trabalhadores da Lear de Valongo que rescindiram por mútuo acordo em Junho receberam uma indemnização correspondente a 1,85 salários por cada ano de trabalho. Fonte oficial da Lear afirmou, ao JN, que "não há qualquer razão para duvidar que o presente processo negocial tenha resultados diferentes" dos alcançados no passado.
Em busca de mão-de-obra mais barata
A produção de cablagens eléctricas requer grandes quantidades de mão-de-obra. Diminuir este custo de produção é o argumento da Lear para se mudar para a Polónia.
Garantias sobre a fábrica de Palmela
A Lear garante que vai manter aberta a unidade de Palmela, onde são produzidos assentos para automóveis
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