sábado, 17 de fevereiro de 2007

Projecto para despoluir o rio Leça em três anos

http://jn.sapo.pt/2007/02/17/porto/projecto_para_despoluiro_leca_tres_a.html


Câmara de Valongo quer devolver o Leça à população, limpando as águas e requalificando a envolvente

Reis Pinto, Ana Trocado Marques

Já foi conhecida pela "Sintra do Norte" e no rio que a atravessa nasceu o Clube de Propaganda de Natação. A primeira localidade é Ermesinde e já foi uma zona de veraneio; o segundo chama-se Leça. Ontem, 12 entidades assinaram um protocolo para despoluir , nos próximos três anos, os cerca de oito quilómetros de rio que atravessam o concelho de Valongo. "O Inferno está cheio de diagnósticos e projectos que não saem do papel. Na terceira fase deste projecto - a "industrialização" do processo - já todas as dúvidas estarão dissipadas", afirmou Ricardo Magalhães, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

A primeira tentativa de unir esforços para despoluir o rio, que atravessa os concelhos de Santo Tirso (onde nasce), Valongo, Maia e Matosinhos, data de 1994, quando foi criado o Conselho de Bacia do rio Leça.

Trabalho consumado

Apesar de os municípios envolvidos nem sempre "remarem para o mesmo lado" (ler caixilho nesta página) o vereador do Ambiente da Câmara de Valongo, José Luís Pereira, considerou que "há trabalho que tem de ser desenvolvido em conjunto, porque existe uma lógica de montante e de jusante e há trabalho que tem de ser desenvolvido individualmente em cada concelho".

A primeira acção a desenvolver em Valongo é conhecer o grau de poluição do rio nas duas freguesias que atravessa (Alfena e Ermesinde). É necessário descobrir as fontes poluidoras e "perceber quem está a efectuar descargas ilegais no rio", sublinhou o vereador.

Seguidamente, os focos de poluição serão eliminados, as margens limpas e desassoreados os pontos críticos. De todos os passos dados será dada conta aos munícipes e a autarquia irá criar uma página na Internet que permitirá acompanhar todo o processo, referiu José Luís Pereira.

A despoluição do rio é apenas a primeira fase do processo, pois, em seguida, irá partir-se para a requalificação da envolvente. O objectivo é integrar o rio na malha urbana, criar locais de lazer, piscinas fluviais e piscinas naturais.

Seguidamente, será "industrializado" o processo e faseado o programa de melhoramentos. Por fim, irá ser desenvolvida uma política ambiental sustentada junto da população.

O investimento mais pesado, o saneamento básico e a rede de águas pluviais já foi feito (a empresa Águas de Valongo gastou 3,25 milhões de euros nas duas freguesias) trata-se, agora, nas palavras de Ricardo Magalhães, de pôr novamente os núcleos urbanos "a olhar para o rio".

Esta iniciativa denominada de "Rio Leça - Limpo por todos, limpo para todos" visa, ainda, potenciar "o relançamento do Conselho da Bacia do Rio Leça.

Candidatura ambiental para receber fundos comunitários

A Junta Metropolitana do Porto (JMP) vai apresentar uma candidatura de intervenção ambiental metropolitana ao Quadro Referência Estratégica Nacional (QREN). A ideia, explicou o vice-presidente da JMP, Castro Almeida, é que o Conselho Metropolitano do Ambiente (CMA), que ontem se realizou em Vila do Conde, com a presença da JMP e da CCDR-N, a primeira reunião de trabalho, apresente, dentro em breve, uma proposta de intervenção ambiental metropolitana à Junta, que, depois de aprovada, será alvo de uma candidatura comum ao QREN, num processo para concluir antes do final do ano. Castro Almeida não quis particularizar a despoluição do rio Leça, mas o facto é que foi notório o desconforto da JMP que, depois de divulgada a ordem de trabalhos da reunião de ontem, onde a despoluição do Leça era um dos três pontos, numa perspectiva metropolitana, foi surpreendida com a apresentação em Valongo de um projecto concelhio para a despoluição daquele troço do Leça.

"Não há dessintonia", afirmou Emídio Gomes, reconhecendo, no entanto, que, com a "coincidência de datas", a despoluição do Leça acabou por ser relegada, nesta primeira reunião, para "segundo plano". Apesar de tudo, o secretário geral da JMP garante que quando a questão for debatida o "trabalho de Valongo será aproveitado".

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