sexta-feira, 8 de julho de 2005

Centro comercial em vez de parque

http://jn.sapo.pt/2005/07/08/grande_porto/centro_comercial_vez_parque.html


Protesto CDU acusa autarquia de avançar com construções num terreno que ela própria tinha proibido

Adelino meireles

Terreno destinado ao alargamento do parque urbano será afinal um centro comercial



Helena Teixeira da Silva

No terreno que há oito anos foi destinado pela Câmara Municipal de Valongo a um parque radical, em Ermesinde, dedicado à juventude, "com jardins e um espelho de água", está agora a ser construído um parque de estacionamento com parquímetros, sobre o qual se erguerá um centro comercial.

A obra é da responsabilidade da empresa Europa-Arlindo e o shopping não deverá ter lojas, mas áreas de ginásio. A construção em curso - o prédio já tem dois andares acima da cota de soleira -, foi decidida por deliberação da Câmara PSD/CDS-PP, com a abstenção dos três vereadores do Partido Socialista.

"Aquele terreno, que confina com a rua J.J. Ribeiro Teles e com o Parque Urbano, actualmente inexistente, era o local onde a Junta de Freguesia tinha previsto construir a sua nova sede. Mas a autarquia proibiu ali qualquer tipo de construção, argumentando que "aquele espaço não era para construir nada, mesmo que fossem equipamentos públicos". Por isso, em 1998, realizou uma permuta de terrenos com a junta, destinando o terreno inicial ao alargamento do parque", esclarece Lino Soares da CDU de Valongo.

Como se desconhece que espécie de acordo terá sido feito na escritura da troca de terrenos para que possa agora ter surgido uma construção que durante anos o autarca Fernando Melo proibiu, Lino Soares solicitou uma explicação na última reunião da Assembleia Municipal, mas não obteve qualquer resposta.

"Brevemente, vamos apresentar um requerimento para que a Câmara não possa fugir à questão", adiantou, surpreendido com o facto de "o próprio projecto do parque radical ser da autoria da autarquia".

Lino Soares avança uma explicação possível "Quando foi aberto o concurso para o parque de estacionamento com uma área de jardim, não apareceu qualquer candidato. Talvez a alteração do projecto resulte dessa situação. Mas nós fomos completamente apanhados de surpresa, porque só há seis meses tivemos conhecimento do que está a acontecer".

Em comunicado, a CDU considera que a construção em causa "faz parte da continuação do negócio dos parquímetros que o actual Executivo vem promovendo em prejuízo dos cidadãos do concelho". E acusa a autarquia de subordinar o crescimento de Ermesinde "aos interesses dos construtores civis e especuladores imobiliários".

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