quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Utentes desmaiam com o calor no centro de saúde


Problemas da nova unidade de Ermesinde agitam sessão da Assembleia Municipal

REIS PINTO

O novo Centro de Saúde de Ermesinde abriu há duas semanas, mas os protestos já se multiplicam: faltam transportes, ar condicionado e acessos para deficientes. Anteontem, na Assembleia Municipal, o ambiente aqueceu.

Realizada pela primeira vez em Ermesinde, foi uma das assembleias municipais mais participadas e das mais agitadas do concelho de Valongo. O novo centro de saúde, construído na fronteira com a freguesia de Alfena, levou ao fórum cerca de 300 pessoas e os ânimos estiveram exaltados, com alguns munícipes a subir ao palco e a questionar directamente o presidente da Câmara de Valongo, Fernando Melo.

Reacções que não surpreenderam quem trabalha na nova unidade. "Há 35 anos que trabalho no centro de saúde de Ermesinde e nunca vi nada assim. Ontem [anteontem], o calor era tanto que duas crianças desmaiaram. E as pessoas queixam-se também da falta de transportes. Aqui só passa uma linha da STCP - a 704, que liga a Boavista (Porto) à Codiceira (Alfena) - e a paragem ainda fica longe", referiu a funcionária, que preferiu não se identificar.

A longa fachada envidraçada transforma o interior do imóvel num sauna. "O meu filho tem passado o dia a vomitar. Com aquele calor ainda ficou pior. E nemuma máquina automática de bebidas existe. Tive de vir à rua comprar uma garrafa de água. Para chegar aqui, também não é fácil, pois não existem placas sinalizadoras", afirmou Lara Albasinia.

Igualmente criticado é o grande declive, em paralelo, que é necessário subir para entrar no centro. "Dificilmente uma pessoa em cadeira de rodas consegue subir aquilo. Não percebo como podem fazer uma coisa destas num edifício novo", sublinhou Elsa Mendes.

O presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Artur Pais, revelou, ao JN, que irá questionar a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS) sobre estes problemas. "Falta ar condicionado no edifício e um parque de estacionamento. As ruas que dão acesso ao centro são estreitas e os utentes, que chegam de carro, bloqueiam as garagens dos moradores. Ontem [anteontem], na Assembleia, estes assuntos foram levados ao presidente da Câmara de Valongo. O descontentamento é tão grande que levou a que alguns munícipes se exaltassem", destacou Artur Pais.

Fernando Melo, por seu lado, reconheceu que as pessoas "estavam aborrecidas. Levantaram-se e vieram ter comigo. O centro não foi construído por nós. Só demos o terreno, e era o único que tínhamos em Ermesinde. Não fomos ouvidos para mais nada. Aliás, a ARS nem nos informou de que o centro ia começar a funcionar. Contudo, já oficiámos a ARS do que é necessário rectificar", referiu o autarca.

"Foi uma reunião complicada. As pessoas exaltaram-se após ouvir o presidente dizer que não era nada com ele. Mas penso que alguns problemas serão resolvidos", afirmou Casimiro Sousa, deputado pelo PS. Maria José Azevedo, vereadora, foi mais longe: "Aquilo parecia os tempos do PREC".

A Junta já oficiou a STCP, há cerca de três meses, para que seja modificado o trajecto e a periodicidade da linha 704. Mas "ainda não obteve uma resposta".

O JN tentou, sem sucesso, contactar com a ARS Norte.

Sem comentários: