Comerciantes queixam-se que reabilitação do Largo do Centenário os deixou sem clientes
2009-02-12
O Largo do Centenário, em Valongo, "está morto". É a convicção dos comerciantes da zona que, depois da remodelação da praça, em 2004, se queixam da falta de clientes. Câmara desvaloriza críticas e fala em "crise generalizada".
"Quando para aqui vim há seis anos, tinha a expectativa de o negócio correr muito bem. No entanto, saiu tudo ao contrário, contou, ao JN, João Pedro Melo, que está à frente do negócio de família no ramo da fotografia, e que procurou no Largo do Centenário "sair do marasmo a que estava remetida a loja, com mais de 40 anos, na Praça Machado dos Santos". "Este local deve ser o mais bonito de Valongo. E, no entanto, abandonado desta forma dá a impressão que é a aldeia mais próxima do Porto", acrescentou o jovem empresário.
Contactada a Câmara de Valongo, fonte da autarquia valorizou "a intervenção" no Largo do Centenário [onde foram gastos 2,5 milhões de euros, por via de um concurso de concessão a uma empresa privada] que transformou o local como um dos mais bonitos da cidade, dotando-o, para esse efeito, de infraestruturas. Nomeadamente de um parque de estacionamento subterrâneo, que permite que as pessoas possam comodamente deixar os carros enquanto vão às compras".
Mas, a opinião generalizada da população é de que a praça ficou "muito a perder com a saída da feira para debaixo do apeadeiro de Suzão", como confirmou o morador Manuel Padilha quando falou do actual "marasmo" em que se encontra o local, dando como exemplo o abandono "de um edifício emblemático da cidade, o antigo quartel dos bombeiros".
"É uma vergonha que a autarquia deixe que um edifício centenário chegue àquele estado de degradação, cheio de ratos, e com toxicodependentes", descreveu Manuel Padilha (ler texto ao lado).
Também José Gonçalves Pereira, comerciante no Largo, lastima as "condições miseráveis" a que chegou o espaço que também já foi um cine-teatro, recordando com "saudade" os tempos em que chegou a frequentá-lo.
"A renovação do Largo foi a morte do centro de Valongo", acrescentou o ourives, criticando o facto de a rua pedonal não facilitar as cargas e descargas dos comerciantes. "Em 2006, pedi um comando para ter acesso à zona pedonal e, assim, levar mercadoria para a loja. Até hoje, não tive resposta. A a minha casa é uma ourivesaria, porque se fosse uma residencial já tinha uma dúzia de comandos", desabafou José Gonçalves Pereira.
Já Licínio Marques, que viu o negócio dos pneus "perder clientela em cerca de 75%", recordou que "a feira trazia povo", enquanto que "agora ninguém vem aqui fazer compras".
No entanto, para a Autarquia "não fazia sentido" que a feira continuasse a ser feita no Largo, de uma forma "pouco digna", preferindo priveligiar a animação que a praça ganha durante o Verão com exemplos como "as marchas populares" ou o evento "Valongo a cantar".
Mesmo assim, o discurso de Manuel Padilha, morador em Valongo, é de desânimo: "No Largo há cafés que já tiveram de ser trespassados, porque ninguém vem passear para aqui. Nem os idosos que têm mais tempo vêm, porque os bancos não têm costas".
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