terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Nem o braço-direito do presidente escapou

http://jn.sapo.pt/2008/02/26/porto/nem_o_bracodireitodo_presidente_esca.html


Melo chamou a si Obras, Planeamento Urbanístico e Desporto


O presidente da Câmara de Valongo, Fernando Melo, vai assumir pessoalmente os pelouros das Obras Municipais, do Planeamento Urbanístico e do Desporto, que retirou, por despacho, a três vereadores que foram eleitos nas suas listas. Desta vez, nem o braço-direito do autarca social- -democrata no Executivo, o vereador José Luís Pinto, foi poupado, ficando sem a tutela do Planeamento Urbanístico. O vice-presidente, João Queirós, ficou sem as Obras Municipais, enquanto Mário Duarte perdeu o Desporto e, segundo apurámos, os Jardins.

"É um acto de mera gestão", justificou, ao JN, o presidente da Câmara de Valongo, através da respectiva assessoria de Imprensa. O autarca rejeita qualquer ligação entre esta medida e a convulsão política que tem marcado a maioria social-democrata, com vereadores a votarem ao lado do PS, em colisão com propostas do próprio partido. Não se trata de qualquer tipo de retaliação, insistiu fonte do gabinete de Melo, lembrando que os vereadores mantêm os outros pelouros que ainda têm a seu cargo.

"Cartão amarelo"

A vereadora socialista Maria José Azevedo tem outro entendimento. E lembra que, quando João Queirós e Mário Duarte (assim como o também vereador do PSD Miguel Santos) votaram uma proposta ao lado do PS, com uma declaração "fortíssima", que mais não foi do que um "cartão amarelo ao presidente", Fernando Melo deixou logo a ameaça no ar. A socialista admite que só agora a medida foi consumada porque o autarca precisava dos votos dos correligionários em duas propostas importantes, ligadas ao Urbanismo, na reunião de Câmara da semana passada. A retirada de um pelouro a José Luís Pinto serviria, então, para camuflar a retaliação contra os outros vereadores sociais-democratas.

Por outro lado, Maria José Azevedo entende que o presidente da Câmara está agora a concentrar os pelouros que garantem "maior visibilidade pública e protagonismo", de forma a potenciar uma recandidatura. A autarca socialista disse que Fernando Melo já admitiu publicamente que gostaria de ser outra vez candidato à presidência da Câmara de Valongo, isto depois de ter assumido, após as últimas autárquicas e na primeira metade do actual mandato, que não voltaria a candidatar-se.

Maioria em alvoroço

"A Câmara não pode estar sujeita aos humores do presidente, que tanto quer ser candidato como não quer", critica Maria José Azevedo. "Se se entende que esta é uma boa gestão, estamos conversados", ironizou. A vereadora admitiu, assim, que nos próximos tempos comecem a ser lançadas várias obras, para dar notoriedade ao presidente. Mesmo que isso ponha em causa a recuperação financeira obtida com a estratégia de contenção entretanto adoptada pelo Município. Recorde-se que já em Abril do ano passado, Fernando Melo tinha retirado todos os pelouros ao vereador social-democrata Miguel Santos, por "divergência de opiniões". O quarto mandato na Câmara de Valongo tem sido marcado por sucessivas querelas com elementos da sua equipa de vereadores. Uma eventual recandidatura poderá agudizar a situação de crise interna no PSD.

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