segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Terrenos no centro da cidade 'invadidos' por aterros ilegais

http://jn.sapo.pt/2008/02/04/porto/terrenos_centro_cidade_invadidos_ate.html

Reis Pinto José Carmo


Milhares de toneladas de entulhos estão a ser depositadas, ilegalmente, em terrenos perto do centro da cidade de Valongo. Um deles, à face da A4 e da Avenida Dr. Fernando Melo, atingiu, em meia dúzia de anos, uma altura de cerca de 10 metros e ocupa hectares de terreno. A Câmara de Valongo reconhece a gravidade do problema e tem já um plano de intervenção, que irá envolver quase todos os departamento da Câmara, o Tribunal e as autoridades policiais. Os donos dos terrenos "serão admoestados", garantiu, ao JN, José Luís Pinto, vereador do pelouro do Ambiente da Câmara de Valongo.

Ao enorme aterro de Lagueirões ou do Lugar da Ribeira, chega-se através da Avenida do Dr. Fernando, uma via sem saída da fantasmagórica Nova Valongo, ou passando debaixo do viaduto da A4, no prolongamento da Avenida das Descobertas. Para desespero do proprietário, José Augusto, que diz nada poder fazer para impedir os camiões de depositarem o lixo.

"É aí que costumam estar dois homens que cobram uma quantia aos camiões que despejam o entulho neste terreno, que se transformou num aterro ilegal. O lixo é tanto que se foi espalhando e já invadiu a minha propriedade. O meu terreno ficava no final de uma descida, agora já tenho de subir para chegar lá. Penso que o aterro terá 10 metros de altura", afirmou, ao JN, José Augusto.

O cenário é desolador, com centenas de montes de entulho resultantes de obras. Telhas, pedaços de paredes, pedras de velhas casas, restos de sofás, de canalizações, de tudo um pouco ali se encontra. A cinco minutos do centro da cidade.

Maria José Azevedo, vereadora eleita pelo PS, considerou o terreno como "a zona de entulho da Área Metropolitana do Porto. Aqui deposita-se de tudo e impunemente".

A Autarquia confessa que esteve de mãos atadas. "O responsável pelos despejos tem dezenas de processos de contraordenação e dois processos-crime, mas não comparece em Tribunal. Já fizemos duas posses administrativas e selámos o local, mas ele rebentou os selos", afirmou José Luís Pinto.

A solução irá passar pela "vedação do terreno, pela vigilância policial, pela elaboração de um plano de urbanização e pela admoestação dos donos dos terrenos".

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